Depois de uma semana preenchida de
episódios, no mínimo caricatos, não obstante quanto às personagens ou entidades
envolvidas, mais do que nunca, pretendo aqui manifestar uma mera opinião.
Ideologias à parte e não querendo entrar por campos que não são meus, todos
tivemos ocasião de constatar que, no que toca às relações entre o Estado e os
poderosos, nada de fundamental mudou. Ora vejamos, em apenas uma semana,
descobrimos que este governo já terá gasto 900 milhões de euros para "privatizar" o BPN, ouvimos determinado ministro justificar que os regimes de exceção dos
vencimentos na TAP e CGD eram meras “adaptações”, que a Brisa reclama mil milhões
de euros de indemnização em virtude da introdução de portagens na SCUT, a entrada de receitas terá diminuído(!), ouvimos que o secretário de Estado da Energia demitiu-se "por motivos pessoais e familiares", porém, a disponibilidade demonstrada em dialogar com a EDP sobre a eventual redução das rendas e os subsídios em vigor seria revista, mas vislumbrou que tanto os
chineses, como espanhóis, bem como, todos os outros subsidiados, não tinham disponibilidade para rever esses contratos, sabendo nós que os lucros da EDP à custa dos consumidores iriam diminuir, ou, não menos
sensacional, ouvir o que se passou em torno do caso Lusoponte.
Sabemos ainda que os 170.000 milhões
de euros de dívida que acumulamos, são, em grande parte, responsabilidade de um
grupo seleto de pessoas que é sempre a mesma e que ora estão no governo, ora
são oposição, ora estão nas empresas públicas, ora estão nas empresas privadas e, a fazer o que antes criticavam. E assim sucessivamente. Quase um ano decorrido,
observo ainda que a maioria dos portugueses, pensa que a culpa do que nos
aconteceu seja do anterior governo. Considero um pouco redutor. Constato que vivo num
país generosamente dado à ausência de memória, porém, se quisermos olhar para
trás, para percebermos o que realmente nos aconteceu, identificamos que o
primeiro grande despesista da história ter sido Cavaco S., de o governante
que mais danos financeiros causou a Portugal ter sido J. Cravinho, ou de o primeiro-ministro
das finanças a deixar descontrolar o défice ter sido P. Moura, e por aí fora. Em suma, aos dias de hoje, verificamos que a despesa pública continua a aumentar e a receita a cair.
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